Em 24 de janeiro deste ano, Renê Von Brown morreu, aos 33 anos, após contrair Covid-19. Deixou a esposa, o filho de 1 ano, e toda a família que sempre esteve ao lado dele. A mãe, Maria Auxiliadora, de 60 anos, relembra a infância e juventude do filho que, neste domingo (9), não estará com ela. "Estamos lutando para superar essa dor imensurável. Difícil! Tantas mães assim como eu estão sofrendo", afirmou.Vida pacata e convivência tranquila, cresceram Renê e Stephanie no município de Bayeux, na Grande João Pessoa. Cuidados e investimentos na educação foram primordiais para os filhos de Seu José, de 63 anos, e Dona Auxiliadora, que acompanharam de perto o desenvolvimento deles. Na juventude, algumas dificuldades surgiram após os pais ficarem desempregados. O que poderia prejudicar a formação, acabou motivando e incentivando o crescimento e esforços pessoais dos dois filhos. Ambos, formados hoje.
Somente aos 31 anos Renê saiu da casa dos pais. Stephanie saiu quando casou, aos 24. Desde então, a vida de Maria Auxiliadora se tornou menos agitada com a ausência dos filhos. Apesar disso, encontros familiares eram frequentes e cessavam a saudade alimentada. "Meus filhos nasceram numa relação familiar com dificuldades, mas sempre mostrei pra eles a realidade da vida. Cresceram lutando, correndo atrás dos seus objetivos com dificuldades e nada foi fácil, mas cresceram responsáveis", diz Auxiliadora, orgulhosa dos filhos.
O adeus ao filho
Aos 33 anos, dois anos após a saída da casa da mãe, Renê Von Brown morreu vítima da Covid-19. Sem fazer parte do grupo de risco da doença e sem ter comorbidades, ele passou 20 dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu às complicações causadas pelo novo coronavírus.
"Renê escondeu nos primeiros dias que estava contaminado, só contou quando piorou. Achávamos que ele sairia dessa porque estava fazendo todo protocolo de cuidado. Engano! Ele sempre foi uma criança saudável, nunca precisou de antibióticos, mas o corpo dele criou resistência ao tratamento da doença", disse a irmã, Stephanie.
Ele começou a sentir os sintomas da infecção durante as comemorações de fim de ano em família, que aconteceram em Sousa, cidade natal da esposa Sabrina Vieira, de 31 anos. Após uma corrida, no dia 23 de dezembro, o professor chegou em casa com dores no corpo. Três dias depois, os sintomas se agravaram com febre. No oitavo dia de sintomas, ele passou por um exame médico que constatou 60% de comprometimento pulmonar. Renê foi transferido para o Hospital de Clínicas, em Campina Grande, com um cateter nasal, mas sem falta de ar.
"Ficamos bastante preocupados. Não sabíamos o que era ter uma noite de sono. Foram orações, súplicas, vigílias, de uma mãe que tinha o seu filho lutando pela sua cura. O pior de todos os momentos da família foi quando recebi a notícia de que ele tinha partido", contou Auxiliadora.
A evolução do paciente foi gradativa e ele passou 20 dias entubado. Durante os 15 primeiros dias ele teve uma boa recuperação, mas a Covid-19 desenvolveu uma infecção pulmonar causada por uma bactéria que não respondeu ao tratamento com antibióticos. Na madrugada do domingo, 24 de janeiro, Renê teve uma parada respiratória e morreu.
Criação do filho
Dona Auxiliadora, a mais velha de três irmãos, foi criada com a mãe. Os outros dois foram criados com as dias. A realidade que vivia com os filhos, Renê e Stephanie, era muito diferente da maneira que ela viveu. Aos 13 anos, começou a trabalhar para se manter e estudar, além de ajudar a mãe nas despesas de casa. "Tinha um sonho de me formar, fazer letras, não consegui entrar na faculdade, fiz pedagogia. Sou professora do ensino fundamental I", disse.
Hoje, com a saudade que importuna a dor causada pela ausência, a mãe de Renê relembra os momentos que viveu durante a criação do filho.
"Nossa relação foi viver uma vida simples, com muitas dificuldades para criar e educá-los, ensinando os valores de caráter e responsabilidade", falou emocionada.
Renê tinha um filho de 1 ano e, para Maria Auxiliadora, ele é "o pedaço que ele deixou". Ela diz que seus netos são a continuidade da família. "Amo meus netos. São as coisas mais importantes para mim, para minha vida, Ravi, o caçula de 1 ano e 4 meses, é o pedaço que Renê deixou, lembra muito ele quando criança".
Relação mãe e filho
Assim como a mãe, que encontrou nos estudos a saída para obter uma melhor qualidade de vida, Renê investiu na mesma perspectiva. Segundo Stephanie, ele sempre foi muito estudioso, amante da música e poesia, gostava de tocar violão e escrever. Além disso, teve 3 formações acadêmicas e incentivava o sobrinho Nathan a estudar.
Stephanie conta que todos os dias Renê ligava para ela ao fim da tarde. Fazia parte da rotina familiar desde que a mãe, Dona Auxiliadora, passou a morar com ela. "Choramos quase todos os dias, porque ele morava no mesmo condomínio que nós, então todos os dias nos encontrávamos", lamenta.
"Renê saiu de casa aos 31 anos onde esses três anos foram de realizações em sua vida. Formou sua família, teve um filho que foi uma de suas maiores felicidades. Muito família, cuidadoso, atencioso com o sobrinho Nathan, que ele admirava por ser atleta de jiu-jitsu", disse Stephanie.
"Ele lutou, mas não conseguiu vencer. Ele foi tirado de mim de uma forma brutal. De uma forma devastadora. Hoje o sentimento que nós temos é um sentimento de dor. De um luto, que a gente não pode se despedir. Isso dói muito mais! Seu sorriso era muito contagiante, é a lembrança que ele nos deixou", disse Auxiliadora.
Aos 33 anos, dois anos após a saída da casa da mãe, Renê Von Brown morreu vítima da Covid-19. Sem fazer parte do grupo de risco da doença e sem ter comorbidades, ele passou 20 dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu às complicações causadas pelo novo coronavírus.
"Renê escondeu nos primeiros dias que estava contaminado, só contou quando piorou. Achávamos que ele sairia dessa porque estava fazendo todo protocolo de cuidado. Engano! Ele sempre foi uma criança saudável, nunca precisou de antibióticos, mas o corpo dele criou resistência ao tratamento da doença", disse a irmã, Stephanie.
Ele começou a sentir os sintomas da infecção durante as comemorações de fim de ano em família, que aconteceram em Sousa, cidade natal da esposa Sabrina Vieira, de 31 anos. Após uma corrida, no dia 23 de dezembro, o professor chegou em casa com dores no corpo. Três dias depois, os sintomas se agravaram com febre. No oitavo dia de sintomas, ele passou por um exame médico que constatou 60% de comprometimento pulmonar. Renê foi transferido para o Hospital de Clínicas, em Campina Grande, com um cateter nasal, mas sem falta de ar.
"Ficamos bastante preocupados. Não sabíamos o que era ter uma noite de sono. Foram orações, súplicas, vigílias, de uma mãe que tinha o seu filho lutando pela sua cura. O pior de todos os momentos da família foi quando recebi a notícia de que ele tinha partido", contou Auxiliadora.
A evolução do paciente foi gradativa e ele passou 20 dias entubado. Durante os 15 primeiros dias ele teve uma boa recuperação, mas a Covid-19 desenvolveu uma infecção pulmonar causada por uma bactéria que não respondeu ao tratamento com antibióticos. Na madrugada do domingo, 24 de janeiro, Renê teve uma parada respiratória e morreu.
Renê com a irmã Stephanie durante a infância. — Foto: Arquivo pessoal/Stephanie Von Brown
Criação do filho
Dona Auxiliadora, a mais velha de três irmãos, foi criada com a mãe. Os outros dois foram criados com as dias. A realidade que vivia com os filhos, Renê e Stephanie, era muito diferente da maneira que ela viveu. Aos 13 anos, começou a trabalhar para se manter e estudar, além de ajudar a mãe nas despesas de casa. "Tinha um sonho de me formar, fazer letras, não consegui entrar na faculdade, fiz pedagogia. Sou professora do ensino fundamental I", disse.
Hoje, com a saudade que importuna a dor causada pela ausência, a mãe de Renê relembra os momentos que viveu durante a criação do filho.
"Nossa relação foi viver uma vida simples, com muitas dificuldades para criar e educá-los, ensinando os valores de caráter e responsabilidade", falou emocionada.
Renê tinha um filho de 1 ano e, para Maria Auxiliadora, ele é "o pedaço que ele deixou". Ela diz que seus netos são a continuidade da família. "Amo meus netos. São as coisas mais importantes para mim, para minha vida, Ravi, o caçula de 1 ano e 4 meses, é o pedaço que Renê deixou, lembra muito ele quando criança".
Nathan, filho de Stephanie, dona Auxiliadora com Ravi, Renê, Robson e Stephanie. — Foto: Arquivo/Stephanie Von Brown
Relação mãe e filho
Assim como a mãe, que encontrou nos estudos a saída para obter uma melhor qualidade de vida, Renê investiu na mesma perspectiva. Segundo Stephanie, ele sempre foi muito estudioso, amante da música e poesia, gostava de tocar violão e escrever. Além disso, teve 3 formações acadêmicas e incentivava o sobrinho Nathan a estudar.
Stephanie conta que todos os dias Renê ligava para ela ao fim da tarde. Fazia parte da rotina familiar desde que a mãe, Dona Auxiliadora, passou a morar com ela. "Choramos quase todos os dias, porque ele morava no mesmo condomínio que nós, então todos os dias nos encontrávamos", lamenta.
"Renê saiu de casa aos 31 anos onde esses três anos foram de realizações em sua vida. Formou sua família, teve um filho que foi uma de suas maiores felicidades. Muito família, cuidadoso, atencioso com o sobrinho Nathan, que ele admirava por ser atleta de jiu-jitsu", disse Stephanie.
"Ele lutou, mas não conseguiu vencer. Ele foi tirado de mim de uma forma brutal. De uma forma devastadora. Hoje o sentimento que nós temos é um sentimento de dor. De um luto, que a gente não pode se despedir. Isso dói muito mais! Seu sorriso era muito contagiante, é a lembrança que ele nos deixou", disse Auxiliadora.
Maria Auxiliadora e o filho Renê Von Brown, no seu aniversário de 12 anos. — Foto: Arquivo pessoal/Stephanie Von Brown
Bayeux em Foco com G1
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